Cidade

Soledade

Formação Continuada de professores na teoria e prática

Soledade - 3 de janeiro de 2020 fotos: Tripop

Autora: Roberta Freitas Chagas

Resumo: Este artigo é resultado de trabalho realizado no programa de pós- graduação em Metodologia em língua Inglesa e Portuguesa.  O objetivo   investigar a  Formação continuada.  Pratica e teoria;  no cotidiano dos docentes e  discentes em questão. Quais são os benefícios; o que agrega nesta construção significativa dos múltiplos saberes. A formação forma ou desinforma, seus  docentes. Qual o papel da teoria e da pratica.  Os resultados mostrados através dos discentes mostram  uma realidade, onde a  formação esta  sendo  ineficaz. No entanto, a caminhada é  longa ,  e os resultados virão  a medida que, os docentes entenderem que  a  formação  colabora para  essa práxis. Assim, sendo fortalecidos  os  saberes.

 

Palavras chave: Formação continuada,  Professores,  Teoria  e Pratica.

 

  1. INTRODUÇÃO

A formação  continuada dos professores,  dos anos finais  do Ensino Fundamental,  tem sido,  proposta de debate  e  reflexão  em muitos grupos  de estudo,  inclusive  dentro  do próprio  estabelecimento escolar.  Assim, buscando uma síntese  das diferentes  concepções de ensino,  buscando refletir mais  sobre  praticas,  adequadas  as  necessidades  atuais  dos professores.  Os docentes encontram  muita  resistência quando o assunto  é  formação  continuada.  Muitas são as problemáticas em cima desse tema. Questionamentos, que se tornam  impertinentes  na  vida  curricular   docente. Compreendemos, a formação continuada  segundo Nascimento(2008):

 

{…} toda  e qualquer  atividade de formação do professor que está atuando nos estabelecimentos de ensino, posterior  a sua  formação  inicial, incluindo-se  ai  os  diversos  cursos  de  especialização  e  extensão oferecidos  pelas  instituições  de ensino   superior  e   toda   atividade  de  formação  pelos  diferentes  sistemas de   ensino.  ( p.70.)

 

É  necessário   entender,   que a  formação  continuada, se faz  importante afim de, aprimorar  os  conhecimentos  e  fortalecer  os saberes.  Se  torna  continuada, pelo  fato  de    ampliar,  a visão  metodológica  e pedagógica  dos  docentes,  no  amplo  caminho  do  conhecimento.  Diferenciando  as  praticas,  usufruindo assim, de uma  vasta teoria de ensino  designada  a  docentes .

Romanowski e  Martin (2010)  o modelo de formação  continuada  compreendido como  suprimento de  algo que falta  ao   professor  se  consolidou  já  na década  de  1940,  quando  mesmo com a criação da escolas normais, o numero de professores  devidamente  formados  era  insuficiente para  atender as  demandas  das escolas. A  formação  continuada dos  professores,  acompanhou as tendências  da pratica  pedagógica como, escolanovismo, tecnicismo, perspectiva  critica,  teoria  reprodutivista, e por fim,   uma perspectiva  de analise que tem como foco cotidiano escolar.

 

 

TEORIA E PRÁTICA         

 

Muito se fala em práticas,  porém,  não  existiriam  sem  a  parte que cabe a teoria.  Os  saberes dos docentes,  não são  formados  apenas de  praticas  diárias em sala de aula, mas,  sendo  nutridas pelas varias teorias da educação. É  preciso  nos  fundamentarmos  na teoria para  nos  beneficiarmos  dos  vários  pontos de  vista da ação contextualizada, adquirindo assim,  perspectivas  de  julgamentos  para  compreender  os  diversos  contextos  cotidianos.  Se  faz  necessário, essa  interação dos  saberes, uma vez que,  gera desenvolvimento de uma pratica  pedagógica  autônoma  e  emancipatória.

Nem sempre, é fácil entender as diferentes formas  de aprendizagem.  Pois, existem diversos  pensadores e teorias, cada uma  defendendo  sua tese. Vários  pensadores,  tentam  explicar   as  praticas  educativas.  No entanto, sabemos que para  o docente nem sempre se faz  necessário tantas palestras, afim de estender essa formação continuada.  Pois  há quem diga, que a melhor e,  mais eficaz  formação se  tem  em  sala de aula, no cotidiano escolar. Na  troca entre  professor e aluno. Pensam  ser  tempo pedido ou  horas  complementares,  não  conseguem enxergar  como  um  caminho  de  novos  aprendizados  e  métodos  funcionais.  Neste  mesmo sentido,   podemos  analisar  o pensamento  de  Mark  e Engels  (1989,p.14) quando  afirmam que :  ‘’{…}  os  filósofos se limitaram  a  interpretar  o  mundo   de  diferentes  maneiras o que importa  é  transformá-la ‘’  (grifo do autor)

Com está afirmação,  os  pensadores chamam  a  atenção para  os limites da teorização em si,  a qual não retém  condições suficientes  de  intervir  no mundo.  Essa  relação teórica- pratica  é recente,  se   considerarmos  como marco para  está  analise a  história da humanidade.  Com isso,  penso, ser  vários  os viés,  de  interpretação  dos docentes. Não  que tenhamos, ou  recebamos  uma ‘’receita  pronta’’   elaborada  para educar,  e métodos  específicos  para transmitir  os saberes  recebidos  no  inicio desta  caminhada.

A  atividade teórica  por si só, não leva a transformação da realidade, não se objetiva , e  não se materializa , não sendo  pois, práxis.  Por  outro lado, a pratica também  não fala  por si mesma, ou seja,  teoria e pratica  são  indissociáveis   como  práxis . (PIMENTA, 2005) .

Neste mesmo sentido Freire(1996) complementa este  pensamento, elegendo uma categoria fundamental  para a  efetiva realização  da práxis ,  ou de uma nova práxis.  Segundo o autor,  a  reflexão  critica  sobre a pratica,  se torna uma exigência da relação teórica- pratica, sem a qual, a  teoria  pode  tornar-se ‘’blábláblá’’  e a pratica ‘’ativismo’’.  Ou seja,  ambas  caminham juntas,  a teoria  complementa  a pratica,  nesta  construção  do fortalecimento dos  diversos saberes.  Sendo assim,  a práxis  insere-se   na  atividade docente ,  enquanto uma  pratica social   comporta  a seguinte observação  de Schmied  Kowarzid (1983, p.133)

Cada  vez mais também,  a pratica educacional  é presa de praticas  de socialização e  obrigações  sistêmicas  ‘ naturalmente’  desenvolvidas de tal modo que  os indivíduos  em vez de serem  formados como portadores autônimos  da  práxis  social  são determinados   como   portadores funcionais  da  relações  sociais tomadas  como dadas.  Portanto  a  teoria,  não pode se vincular  diretamente  de modo  positivo  e afirmativo  a uma  pratica  de socialização  anterior   esclarecendo-a  a  cerca  de sua base ética, para  fornecer  desta maneira  ao educador possibilidades de uma orientação  e realização consciente de sua pratica.  Ela  precisa em primeiro lugar  revelar analiticamente   de modo  critico  as  contradições sociais,  os  momentos  da alienação   na  práxis  educacional   e de  socialização  anteriores, para desta  maneira   criar  a  pré-condição  teoricamente consciente  para  uma revolução  pratica  desta alienação.

Portanto, analisando  está relação, podemos dizer  que:  formador, formando  e conhecimento se   faz mediante  uma relação  dialética, sendo está uma  característica  necessária  a realização  da práxis.  Neste  sentido  Freire (1996,p.25) nos coloca que: ‘’{…}ensinar não é  transferir  conhecimentos , entendemos que todo  ato de  ensinar  descontextualizado  da práxis ,  não  transforma,  com isso,  concordamos  com o autor quando diz: ‘’quem ensina aprende  ao ensinar,  e quem aprende, ensina ao aprender’’

 

SABERES DOCENTES

No que se refere a  formação continuada, uma das praticas mais frequentes tem sido a de realizar cursos  de suplência  e  atualizações  de  conteúdos  de ensino. E  também muito frequentemente,  palestras motivacionais .  No entanto, tudo isso tem se mostrado pouco eficiente, como uma referência teórica- metodológica  e instrumental, que  possa  proporcionar ao docente uma nova postura, e consequentemente, uma nova  visão  da pratica docente.  Muitos  são os   questionamentos realizados pelos professores.  Até que  ponto,  a  formação muda a ação. Visto que os resultados  continuam os mesmos.   Não há  transformação  na ação  educacional desses  agentes dos  saberes.  As  praticas  e  métodos  continuam os mesmos.  A  fala  ainda é a mesma,  pouca remuneração,  horas  a mais  dedicados a  trabalhos  burocráticos,  e  mais  formação.  Seguido muitas vezes, em grande parte, depois de uma jornada de trabalho,  quando  o professor se encontra, demasiadamente esgotado. Pois além de todos esses  afazeres, existe um ser humano, com necessidades básicas de  sobrevivência,  e para  concluir,  fazer  seu plano de aula, para mais um dia.

No entanto,  é  necessário, que a formação,  provoque  no  sujeito,  uma  inquietação em relação a sua  pratica, uma vez, que isso acontece,  inicia-se então,  a transformação.  Que  começa de  dentro para fora. O  docente precisa sentir, essa necessidade de  ‘mudar’, fazendo em si uma auto avaliação.(algo nem sempre fácil,  ao sujeito critico).   Toda  vez que tivermos inquietações, a  ação no  cotidiano escolar será transformada.

Penso, que as  formações, tem como objetivo,  incentivar ao docente, um novo olhar, sobre  a teoria,  fortalecendo  e transformando,  assim,  as  praticas pedagógicas.

Não obstante, Pimenta (2005,,p.26) afirma que o saber docente, não é formado apenas da pratica,  sendo também fortalecido nas  teorias  da educação.  Dessa  forma, a  teoria tem importância fundamental na formação dos docentes,  pois data os  sujeitos de variados pontos de vista, para uma ação contextualizada, oferecendo perspectiva de analise para que os professores compreendam os  diversos contextos vivenciados por eles.

 

{…} os saberes teóricos  propositivos  se articulam, pois os saberes da pratica ao mesmo tempo resinificando-se .  o papel da teoria é oferecer aos professores  perspectivas  de analise para  compreender  aos contextos históricos, sociais,  culturais  e organizacionais,  e  de si mesmos,  como  profissionais, como nos  quais,  se dá sua  vontade  docente, para neles intervir, transformando-os.  Dai é  fundamental o  permanente  exercício  da critica nas  condições nos  quais o  ensino  ocorre.

Obviamente, essas  possibilidades  evidenciam uma  politica de formação, o que  valoriza  tanto  professores, quanto  suas  escola,  como capazes de pensar e articular os  saberes  científicos e  pedagógicos,  das  transformações  necessárias  as praticas escolares,  bem como, a  organização dos espaços de ensinar e aprender,  comprometendo assim, o ensino de qualidade  para crianças e  jovens.

 

CONSIDERAÇÕES  FINAIS

Estamos vivenciando, inúmeros desafios,  porém, fica ainda,  sob  o educandário a  proposição  de novas formas  de produzir  e distribuir o  conhecimento , orientado para novas formas de  compreender  e atuar no mundo, o que, pressupõe  o desenvolvimento humano e da pratica pedagógica,  voltada a prática social . Entretanto, a formação de professores  privilegiando  a dimensão  teórica mantem-se, distante da  dimensão pratica.  Ter um  sujeito  critico,  reflexivo,  atuando com autonomia  da  sua práxis . Assim,  se faz necessária, a promoção de processo educacional critico que, superando a mera  transmissão de  conhecimento, permita a  vivencia  plena  da unidade entre teoria e  pratica   pedagógica.

 

 

 

REFERÊNCIAS

 CANDAU, Vera  Maria.(org) magistério. Construção cotidiana. 6ed..Petropolis: Rio de Janeiro, vozes, 2008.

FREIRE Paulo. Pedagogia da autonomia:  saberes necessários a pratica educativa. Rio de janeiro. Paz e terra,1996.

PIMENTA, Selma Garrido. Formação de professores: saberes da docência  e  identidade do professor. Revista da faculdade  de educação USP,c.n.1,p.72-78,jul/dez.1996.

PIMENTA, Selma Garrido, GHEDIN, Evandro (orgs) professor reflexivo no Brasil: Gênesi e critica de um conceito. 3.ed.São Paulo: cortez, 2005.

PORTO, Yeda da Silva. Formação continuada: a pratica  pedagógica recorrente: In: MARIN, Alda Junqueira  (org).Educação continuada: reflexões alternativas. Papirus 2000. (coleção magistério: formação e trabalho pedagógico)

NOVOA, Antônio. Concepções e praticas da  formação continuada de professores :In:  Nóvoa  A.(orgs) Formação continuada de professores: realidade e perspectivas. Portugal. Universidade de Aveiro;1991.

ROMANOWSKI, Joana  Paulin,  MARTINS, Pura Lucia Oliver. Formação  continuada: contribuições para o desenvolvimento  profissional dos professores. Revista e dialogo  Educacional. Curitiba, v.10,n.30,p.285-300,mai/ago.2010.

 

SCHMIED-KOWARZIK, Wolfdiestrich. Pedagogia dialética:  de Aristóteles a  Paulo Freire. Trad. Wolfgong Leo Mar. São Paulo.Brasiliense,1983.

 

 


Fonte: Divulgação


veja também